2023 Brasileiro Jiu-Jitsu IBJJF

Erich Munis: Fratres, Brasileiro, o Mundial e abertura de nova academia

Erich Munis: Fratres, Brasileiro, o Mundial e abertura de nova academia

Munis falou sobre sua mudança de time, ressaltou os motivos de seguir competindo mesmo com os maiores títulos do jiu-jitsu, e revelou seu lado empreendedor.

Apr 29, 2023 by Carlos Arthur Jr.
Erich Munis: Fratres, Brasileiro, o Mundial e abertura de nova academia

Os propósitos de Erich Munis no jiu-jitsu e na vida seguem de vento em popa. Bicampeão mundial e, recentemente, campeão do dificílimo GP de 16 atletas do BJJStars, Erich surpreendeu não só com seu jiu-jitsu refinado, mas com uma reviravolta na sua carreira.

Juntamente com seus três irmãos e mais quatro competidores da DreamArt, Erich informou a mudança de time para a Fratres. Não suficiente, o atleta revelou em entrevista exclusiva à Flograppling que abrirá uma academia junto a seus irmãos ainda este ano, com a intenção de ajudar mais pessoas com o jiu-jitsu que tanto fez por eles pela família.

Na conversa, Erich deu detalhes sobre sua mudança de equipe, ressaltou os motivos de seguir competindo mesmo com os maiores títulos do jiu-jitsu já no currículo, e revelou seu lado empreendedor, com um acervo de ativos financeiros ao lado da coleção de medalhas, para garantir um futuro estável e promissor quando chegar a hora de deixar os tatames.

Confira a entrevista nas linhas abaixo.


FloGrappling: Quais foram os maiores desafios que você encarou no espinhoso BJJ Stars 10: Battlefield?

Erich Munis: Sabia que seria uma chave complicada, com 16 atletas de alto nível. Foi um torneio dificílimo, o Fepa fez um trabalho excelente no card. Esperava uma guerra, não tinha como escolher lado de chave ou caminho mais fácil. Todas as quatro lutas foram duras e os imprevistos da chave fizeram as minhas previsões mudarem ao longo do torneio. Foquei em uma luta de cada vez e, como já sabia que tudo poderia acontecer, não me deixei surpreender com os adversários que encontrei no caminho. Capitalizei nisso e consegui sair com a vitória.

FG: Além de ser mais um triunfo sob o seu nome, O BJJStars 10 ficará eternizado como a sua última atuação pela DreamArt antes da transição para a Fratres. Como se deu essa mudança?

EM: Essa negociação veio antes do BJJStars. Conversei com o Lucas Gualberto "Piauí", nosso head coach, e pedi para fazer essa última dança ao lado dele. Ele pediu que fosse no Mundial, mas decidi junto à minha família que o BJJStars seria a melhor oportunidade. Criamos raízes na DreamArt, então foi uma decisão difícil, mas a busca de melhorar a vida das pessoas ao nosso redor foi determinante nessa decisão.

FG: E qual foi o fator que destacou a Fratres em meio a todas as outras academias que se encontram disponíveis para receber um bicampeão mundial?

Nós sempre recebemos propostas de outras equipes, mas nossas ideias foram de encontro com a proposta da Fratres. Fizemos a transição em grupo, oito atletas no total. Com esse novo passo, vamos continuar ajudando as pessoas, que é nosso objetivo principal. Quanto mais títulos conquistados, mais voz e visibilidade. Dessa forma, poderemos ajudar assim como fomos ajudados pelo jiu-jitsu, mesmo antes de chegarmos na DreamArt.

FG: Sempre ao seu lado, seus irmãos Anderson, Alex e Dione encararam o desafio de ingressar em uma nova equipe com você. Qual é a principal vantagem de ter o amparo familiar dentro dos tatames?

EM: Sou privilegiado pela minha família. Não só pelos meus irmãos, mas também pelos meus pais e minha esposa. Eles nos ajudam muito desde as faixas coloridas. Mas quando se trata dos treinos, a ajuda dos meus irmãos é fantástica. Tenho ao mesmo tempo alguém que corrige, que entra no treino para sair na porrada, e que está sempre ali com carinho e amor. Nem sempre você vai estar na melhor fase do seu treino ou da sua vida. Os problemas vão existir em todas as etapas e esse apoio constante e tão próximo é essencial. Esse conjunto de pessoas dando forças é um dos segredos para uma carreira sólida.

FG: Com o Brasileiro a curtos dias de distância, a sua participação segue como uma incógnita. Em meio a todos os desafios que ocupam a mente do atleta, a sua saída da DreamArt desempenhou algum papel nessa dúvida?

EM: Seria um prazer lutar com a DreamArt no Brasileiro. Sou muito amigo do Piauí e quero que ele conquiste muitos títulos com a equipe no Brasileiro e no Mundial, seja através dos alunos ou individualmente. Antes de ver a DreamArt como uma equipe, penso neles como pessoas e atletas. Penso naquele faixa-azul que vai ganhar um torneio e construir o nome dele, ser campeão e, eventualmente, conseguir mudar a própria vida através do esporte. O Piauí também tem isso na essência dele e é algo que admiro muito. Minha mudança foi completamente pensada no lado profissional. No ano passado, eu abri mão do Brasileiro para focar no Mundial e estou avaliando se farei isso novamente. Temos um Mundial pela frente e vamos buscar títulos no peso e absoluto, então temos muito o que fazer. Lutar no Brasileiro pode desgastar demais e impactar o desempenho. Ainda estou decidindo com a minha família qual a melhor opção.

FG: Ao longo da sua carreira, você conquistou títulos nos mais reconhecidos torneios do jiu-jitsu. Hoje com 25 anos e renome internacional, qual é o segredo para se manter motivado no esporte?

EM: Os títulos são apenas consequência dos meus treinos e da minha dedicação. Quando ganhei meu primeiro Mundial, conheci um lado diferente do jiu-jitsu. Considerei até mesmo parar de competir e focar o meu jiu-jitsu somente para dar aulas, talvez abrir uma academia, mas reconheci o chamado de Deus. Hoje luto feliz em busca dos meus objetivos e da minha família. Quero alcançar o Jiu-Jitsu mais completo possível para que eu tenha a estratégia certa, independente do oponente ou do torneio. Além disso, gosto de divertir o público com o meu Jiu-Jitsu. Antes dos campeonatos, costumo definir com meus irmãos algum truque que vou aplicar no torneio. É um desafio pessoal que me motiva a soltar o jogo e trazer coisas novas para quem está assistindo.

FG: Falando em jiu-jitsu como forma de entretenimento, alguns atletas têm adotado o trash talk para gerar mais interesse em suas lutas e participações. Em algum ponto da sua carreira você considerou usar esse método para ampliar sua presença digital?

EM: Cada atleta tem o seu perfil. Forçar um personagem não dá um resultado legal, então prefiro manter os meus princípios e continuar sendo quem sou. Entendo a importância das redes sociais e estou trabalhando para ter um desempenho melhor nesta área. O primeiro passo é identificar o ponto falho e isso eu já fiz. Quero motivar mais o público, mas com a minha personalidade, conquistas e metas, sem precisar criar um personagem. Você sempre colhe o que planta, então minha semeadura será apenas de coisas boas.

FG: De casa nova e com a bolada do BJJStars no bolso, trazemos a pergunta que está na mente da comunidade do jiu-jitsu: O que o futuro guarda para Erich Munis?

EM: O plano maior é investir parte da premiação para abrir a nossa academia. Estudo educação financeira há três anos e isso é algo que quero explorar mais, talvez até dividir com outras pessoas através do YouTube, porque foi algo que mudou minha vida. No meu primeiro ano como faixa-preta eu já não dependia tanto de lutar por premiações. Consegui me estabilizar bem com o que já havia conquistado e tive a cabeça certa para os meus investimentos. Não sou materialista então estou sempre focado em ativos. São 11 anos de trabalho, e o planejamento foi essencial para chegar na estabilidade de hoje, mas ainda tenho muitas conquistas pela frente. Sonho em comprar o carro para a minha mãe, ajudar a minha família e estaremos trabalhando pra isso. Sobre a academia, já temos o projeto montado, estamos escolhendo um local e até o final do ano vamos abrir a nossa própria academia, se Deus quiser, que deve se chamar Munis Brothers. Será uma filial da Fratres, com o mesmo objetivo de ajudar mais pessoas com o jiu-jitsu aqui em São Paulo.