2016 IBJJF World Jiu-Jitsu ChampionshipMay 25, 2016 by FloGrappling
O Jiu-Jitsu Transformando Vidas: A História de Marcio Andre
O Jiu-Jitsu Transformando Vidas: A História de Marcio Andre
A trajetória do astro Marcio Andre, 21 anos, no Jiu-Jitsu começou na juventude em Bangu, um dos bairros mais populares da Zona Oeste do Rio de Janeiro. Aos
A trajetória do astro Marcio Andre, 21 anos, no Jiu-Jitsu começou na juventude em Bangu, um dos bairros mais populares da Zona Oeste do Rio de Janeiro. Aos 11 anos de idade, Marcinho pisou pela primeira vez no tatame de Fabio Andrade, um dos principais professores da Nova União, e tomou gosto pelo esporte, que hoje é a sua profissão. Marcinho precisou superar obstáculos difíceis para seguir uma trajetória de sucesso no Jiu-Jitsu.
Escrito por Vitor Freitas. Para ler a versão em inglês deste artigo clique aqui
Primeiro, o jovem carioca deixou as amizades “erradas” para poder se dedicar aos estudos e ao Jiu-Jitsu, que também era prioridade na sua vida. “Meus amigos sucumbiram ao mundo do crime e as drogas. Eu tive a chance de conhecer o Jiu-Jitsu, mas eles não tiveram a mesma chance que eu. Hoje, alguns desses amigos estão presos ou já morreram. Eu nunca cometi nenhum crime, nem assaltei ninguém. Mas se eu continuasse com essas amizades, eu poderia me dar mal na vida. O Jiu-Jitsu me deu tudo o que tenho hoje, me fez enxergar o mundo de outra maneira.”
Órfão de Pai, desde os dois anos de idade, Marcinho teve o apoio incansável da mãe Andreia, que sempre acreditou em seu potencial. Nos seus primeiros meses de treinos, Marcio já mostrava um talento diferente dos outros alunos e sua dedicação era algo impressionante, o que chamou a atenção do seu professor. Marcio sempre insistia para treinar com os adultos, pois a vontade de melhorar seu jogo e evoluir era grande.
Fabio conversou e disse para Marcio não reclamar dos treinos que seriam, obviamente, mais fortes. Marcio topou o desafio e não parou mais de evoluir desde aquela época, quando ainda era uma simples faixa-branca.
“Marcio teve um início bem legal. Sempre treinou mais que os meninos da idade dele e num curto período de tempo apresentou resultado dos treinos. Sempre acreditei que Marcio daria certo, por que ele queria muito que desse certo. Ele sempre teve muita vontade, fazia tudo o que eu queria e confiava nas minhas palavras, sem ponderar nada. Então, foi natural ele alcançar o sucesso. É difícil conciliar fama e humilde, coisa que ele faz como poucos”, conta Fabinho.
“Meu professor Fabio é muito importante na minha vida, ele me ajudou a trilhar esse caminho de vitórias,” says Marcio.
Márcio trabalhava em lava-jato, ajudava em supermercados e com o dinheiro que ele conseguia, ele pagava as inscrições dos campeonatos. “Eu trabalhava de manhã, estudava a tarde e dedicava o resto do meu dia ao Jiu-Jitsu. Sempre trabalhei para conquistar meus sonhos, nunca tive nada na mão. Eu tenho apenas 21 anos, mas ainda tenho a força e a vontade do Marcinho de 13,14 anos, que nunca desistiu dos seus sonhos.”
Depois de vencer todos os principais torneios da CBJJ no Brasil, Marcinho, até então com 16 anos, fez sua primeira viagem para os Estados Unidos em 2011, para disputar seu primeiro Mundial da IBJJF, na faixa-azul. Marcinho venceu a categoria pluma adulto, ainda sendo um juvenil. Depois desse título, Marcinho decidiu se dedicar ainda mais para se tornar um profissional do esporte. Nos anos seguintes, Marcinho subiu de graduação e venceu o Mundial na faixa-roxa duas vezes, em 2012 e 2013, e depois em 2014, já de faixa-marrom.
“O segredo da Nova União é simples, criamos nossos atletas. Todos os nossos atletas são criados por nós, diferente de outras equipes. Nós formamos atletas desde a faixa-branca até a faixa-preta. É bem mais fácil trabalhar assim. Ninguém constrói do teto para o chão e é por isso nossa que nossa base é solida,” conta Fabio.
“Nada foi fácil para mim, que vim de uma família humilde. Meus sonhos sempre foram maiores do que a realidade do que eu vivia. Já passei por muita coisa nessa vida e hoje sou mais forte espiritualmente e mentalmente. Eu agradeço a Deus por tudo”, comenta Marcio.
Em 2013, antes de vencer o segundo Mundial como faixa-roxa, Marcinho sofreu o golpe mais duro de sua vida. Sua mãe, que sofria de insuficiência renal desde 1994, faleceu em decorrência da doença. Marcinho pensou em largar o esporte, após o falecimento da sua mãe. Os amigos e seu professor Fabio foram essenciais para o jovem não levar tão a sério essa decisão. E ele, realmente, não levou. Duas semanas depois, Marcinho estava conquistando o ouro no Europeu entre os pesos leves, na faixa-roxa.
O sucesso acompanhou o garoto e em pouco tempo ele tornou-se um dos nomes mais badalados entre todos os pesos nas faixas-coloridas. No ano de 2014, Marcio disputou seu último Mundial na faixa colorida e venceu a categoria dos penas na faixa-marrom. Ao receber a medalha no pódio, Marcinho também foi condecorado faixa-preta. Ali começava uma nova fase na carreira do menino de Bangu.
Pouca gente não sabe, mas Marcinho carregou uma lesão no joelho por quase dois anos. Ele lutou contra os pedidos dos médicos. Na visão de Marcio, parar de treinar por um treino e se recuperar da lesão poderia afetar seu rendimento. Sua primeira competição como faixa-preta foi no Europeu da IBJJF, em 2015. Marcinho foi o campeão dos pesos-penas, após vencer Gianni Grippo na final.
Após a competição, Marcinho sentou para conversar com Fabio e decidiu ficar ausente das competições para tratar do joelho. Foi uma decisão dolorosa para um jovem, que nunca tinha feito nada parecido. O medo foi um dos adversários de Marcio, mas ele conseguiu recuperar-se de forma rápida e depois de seis meses retornou aos treinos, de forma leve.
De volta em 2016, após um período afastado, Marcio manteve o título Europeu da IBJJF, beliscou um bronze no Pan e voltou a vencer no World Pro, em Abu Dhabi.
“Eu e Paulo lutamos desde faixa-azul e acabou se tornando algo normal nos enfrentarmos na final. Eu respeito todos os atletas de nome e aqueles que assim como eu estão subindo com muita vontade, mas não procuro pensar nisso e faço o que sempre treinei para fazer, lutar sempre para frente buscando a vitória."
Hoje, Marcio é uma realidade dentro do Jiu-Jitsu. Em Abu Dhabi, ele é uma referência para jovens e adultos, por causa do seu Jiu-Jitsu e sua humildade. É possível notar o apoio incansável do público local enquanto Marcinho lutava o World Pro.
Não vejo a hora de lutar meu primeiro Mundial como faixa-preta, sempre esperei por esse momento. Estou me dedicando bastante, treinando como nunca. A guerra está perto e eu vou dar meu sangue”.
Você pode assistir Márcio André lutar no Campeonato Mundial de Jiu-Jitsu 2016, somente aqui em FloGrappling
Escrito por Vitor Freitas. Para ler a versão em inglês deste artigo clique aqui
Primeiro, o jovem carioca deixou as amizades “erradas” para poder se dedicar aos estudos e ao Jiu-Jitsu, que também era prioridade na sua vida. “Meus amigos sucumbiram ao mundo do crime e as drogas. Eu tive a chance de conhecer o Jiu-Jitsu, mas eles não tiveram a mesma chance que eu. Hoje, alguns desses amigos estão presos ou já morreram. Eu nunca cometi nenhum crime, nem assaltei ninguém. Mas se eu continuasse com essas amizades, eu poderia me dar mal na vida. O Jiu-Jitsu me deu tudo o que tenho hoje, me fez enxergar o mundo de outra maneira.”
A Busca Pela Perfeição Desde a Faixa-branca
Órfão de Pai, desde os dois anos de idade, Marcinho teve o apoio incansável da mãe Andreia, que sempre acreditou em seu potencial. Nos seus primeiros meses de treinos, Marcio já mostrava um talento diferente dos outros alunos e sua dedicação era algo impressionante, o que chamou a atenção do seu professor. Marcio sempre insistia para treinar com os adultos, pois a vontade de melhorar seu jogo e evoluir era grande.
Fabio conversou e disse para Marcio não reclamar dos treinos que seriam, obviamente, mais fortes. Marcio topou o desafio e não parou mais de evoluir desde aquela época, quando ainda era uma simples faixa-branca.
“Marcio teve um início bem legal. Sempre treinou mais que os meninos da idade dele e num curto período de tempo apresentou resultado dos treinos. Sempre acreditei que Marcio daria certo, por que ele queria muito que desse certo. Ele sempre teve muita vontade, fazia tudo o que eu queria e confiava nas minhas palavras, sem ponderar nada. Então, foi natural ele alcançar o sucesso. É difícil conciliar fama e humilde, coisa que ele faz como poucos”, conta Fabinho.
“Meu professor Fabio é muito importante na minha vida, ele me ajudou a trilhar esse caminho de vitórias,” says Marcio.
Hoje as pessoas me veem bem arrumado, com uma vida boa, mas não sabem o que passei. Deus me ajudou a vencer as duras batalhas da minha vida e ainda tenho muito mais para vencer. Eu nunca questionei meu sonho, sempre quis acreditar e deu no que deu.
A Vida Na Infância Foi Difícil
Márcio trabalhava em lava-jato, ajudava em supermercados e com o dinheiro que ele conseguia, ele pagava as inscrições dos campeonatos. “Eu trabalhava de manhã, estudava a tarde e dedicava o resto do meu dia ao Jiu-Jitsu. Sempre trabalhei para conquistar meus sonhos, nunca tive nada na mão. Eu tenho apenas 21 anos, mas ainda tenho a força e a vontade do Marcinho de 13,14 anos, que nunca desistiu dos seus sonhos.”
Depois de vencer todos os principais torneios da CBJJ no Brasil, Marcinho, até então com 16 anos, fez sua primeira viagem para os Estados Unidos em 2011, para disputar seu primeiro Mundial da IBJJF, na faixa-azul. Marcinho venceu a categoria pluma adulto, ainda sendo um juvenil. Depois desse título, Marcinho decidiu se dedicar ainda mais para se tornar um profissional do esporte. Nos anos seguintes, Marcinho subiu de graduação e venceu o Mundial na faixa-roxa duas vezes, em 2012 e 2013, e depois em 2014, já de faixa-marrom.
“O segredo da Nova União é simples, criamos nossos atletas. Todos os nossos atletas são criados por nós, diferente de outras equipes. Nós formamos atletas desde a faixa-branca até a faixa-preta. É bem mais fácil trabalhar assim. Ninguém constrói do teto para o chão e é por isso nossa que nossa base é solida,” conta Fabio.
“Nada foi fácil para mim, que vim de uma família humilde. Meus sonhos sempre foram maiores do que a realidade do que eu vivia. Já passei por muita coisa nessa vida e hoje sou mais forte espiritualmente e mentalmente. Eu agradeço a Deus por tudo”, comenta Marcio.
A Derrota Mais Dolorosa Da Carreira
Em 2013, antes de vencer o segundo Mundial como faixa-roxa, Marcinho sofreu o golpe mais duro de sua vida. Sua mãe, que sofria de insuficiência renal desde 1994, faleceu em decorrência da doença. Marcinho pensou em largar o esporte, após o falecimento da sua mãe. Os amigos e seu professor Fabio foram essenciais para o jovem não levar tão a sério essa decisão. E ele, realmente, não levou. Duas semanas depois, Marcinho estava conquistando o ouro no Europeu entre os pesos leves, na faixa-roxa.
Minha família sempre foi a minha mãe, afinal, meu pai morreu quando eu tinha dois anos de idade. Era ela que me levava para os campeonatos e me ajudava, mesmo sem ter condições. Para mim, ainda é complicado lidar com a perda dele. Não me acostumei a ficar sem ela por perto, mas a gente tem que levar a vida. Eu vou deixar ela ainda mais orgulhosa.
O sucesso acompanhou o garoto e em pouco tempo ele tornou-se um dos nomes mais badalados entre todos os pesos nas faixas-coloridas. No ano de 2014, Marcio disputou seu último Mundial na faixa colorida e venceu a categoria dos penas na faixa-marrom. Ao receber a medalha no pódio, Marcinho também foi condecorado faixa-preta. Ali começava uma nova fase na carreira do menino de Bangu.
Lesionado Por Dois Anos, Marcinho Decidiu Parar
Pouca gente não sabe, mas Marcinho carregou uma lesão no joelho por quase dois anos. Ele lutou contra os pedidos dos médicos. Na visão de Marcio, parar de treinar por um treino e se recuperar da lesão poderia afetar seu rendimento. Sua primeira competição como faixa-preta foi no Europeu da IBJJF, em 2015. Marcinho foi o campeão dos pesos-penas, após vencer Gianni Grippo na final.
Após a competição, Marcinho sentou para conversar com Fabio e decidiu ficar ausente das competições para tratar do joelho. Foi uma decisão dolorosa para um jovem, que nunca tinha feito nada parecido. O medo foi um dos adversários de Marcio, mas ele conseguiu recuperar-se de forma rápida e depois de seis meses retornou aos treinos, de forma leve.
De volta em 2016, após um período afastado, Marcio manteve o título Europeu da IBJJF, beliscou um bronze no Pan e voltou a vencer no World Pro, em Abu Dhabi.
“Eu e Paulo lutamos desde faixa-azul e acabou se tornando algo normal nos enfrentarmos na final. Eu respeito todos os atletas de nome e aqueles que assim como eu estão subindo com muita vontade, mas não procuro pensar nisso e faço o que sempre treinei para fazer, lutar sempre para frente buscando a vitória."
Se meu adversário é tem uma guarda boa, eu vou querer passar. Se ele tem uma boa passagem, eu vou querer testar a minha guarda contra ele. Todas as minhas lutas foram assim e nada vai mudar. Lógico, eu tenho a minha estratégia. Mas lutar para frente é uma virtude minha.
Estrelato Em Abu Dhabi – E No Mundo
Hoje, Marcio é uma realidade dentro do Jiu-Jitsu. Em Abu Dhabi, ele é uma referência para jovens e adultos, por causa do seu Jiu-Jitsu e sua humildade. É possível notar o apoio incansável do público local enquanto Marcinho lutava o World Pro.
Não vejo a hora de lutar meu primeiro Mundial como faixa-preta, sempre esperei por esse momento. Estou me dedicando bastante, treinando como nunca. A guerra está perto e eu vou dar meu sangue”.
Você pode assistir Márcio André lutar no Campeonato Mundial de Jiu-Jitsu 2016, somente aqui em FloGrappling